As águas de Caxambu são águas subterrâneas antigas (old groundwaters)

Projeto Circuito das Águas (2018)

Em 2018, foi executada e concluída uma pesquisa técnico-científica denominada Projeto Circuito das Águas de Minas Gerais e publicada em 14/12/2018 com o título “SIGA Circuito das Águas” sobre a origem e a circulação das águas minerais no Sul de Minas Gerais, inclusive as águas de Caxambu. A pesquisa foi contratada pela CODEMIG e executada pela FUNDEP e a UFMG  em consonância com o estudo anterior denominado “Projeto Circuito das Águas do Estado de Minas Gerais” que foi produzido em 1999 por um convênio entre a Companhia Mineradora de Minas Gerais (COMIG) e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).

O Projeto Circuito das Águas de Minas Gerais (CODEMGE – FUNDEP) aborda os parques das águas minerais de Cambuquira, Caxambu, Contendas (Município de Conceição do Rio Verde), Lambari e Marimbeiro (Município de Cambuquira), e seus entornos e sub-bacias, situados na bacia hidrográfica do Rio Verde, na região sul do estado de Minas Gerais. A versão do relatório final (que pode ser baixado nesta página) inclui os dados obtidos em onze meses de execução, de janeiro a novembro de 2018.

Resultados principais da pesquisa

Em resumo, as águas minerais estudadas compõem aquíferos antigos (milhares a dezenas de milhares de anos) e profundos (centenas de metros a alguns quilômetros), compostos de paleoáguas meteóricas frias (Cambuquira, Marimbeiro, Lambari e Contendas) e hipotermais (Caxambu). Para a grande maioria das amostras, mas especialmente no caso das águas minerais, as assinaturas isotópicas de oxigênio e hidrogênio são características de águas meteóricas (águas de chuvas) antigas que se tornaram águas subterrâneas de circulação profunda. De fato, as datações das águas minerais pelo método carbono-14 revelam idades aparentes que ultrapassam 43.500 anos, situando-se majoritariamente acima de 25.000 anos, em compatibilidade com os baixos percentuais de carbono moderno medidos nas mesmas amostras.

Adicionalmente, duas amostras de gás carbônico, extraídas de águas minerais coletadas em profundidade e datadas pelo método carbono-14 (Tabela 10.1), também revelam idades muito antigas (> 41.800 anos, para o gás da água do gêiser de Caxambu.

O estudo também demonstra que as águas minerais dos parques incorporaram a sua mineralização em função de longos tempos de residência nos aquíferos profundos, em condições de contato água-rocha duradouras, que estão bem registradas pelas assinaturas isotópicas de estrôncio. Os modelos hidrogeológicos conceituais retratam sistemas de circulação subterrânea profunda e supra-bacinal, ou seja, de circulação subterrânea regional, transcendendo os limites das sub-bacias que contêm os parques estudados.

Resumidamente, visualiza-se um modelo em que águas de chuvas que teriam se infiltrado pela encosta setentrional da Serra da Mantiqueira, há milhares de anos atrás, migraram para norte e hoje têm suas surgências nos parques de águas de Caxambu, Cambuquira, Marimbeiro, Contendas e Lambari.

As assinaturas isotópicas de estrôncio indicam que há águas minerais com marcante herança de rochas locais.No caso de Caxambu (Capítulo 5 do estudo “SIGA Circuito das Águas”), observou-se que as águas do Parque têm assinatura das rochas alcalinas, destacando-se o Morro do Caxambu, sendo mais salinizadas, padronizadas e diferenciadas. Essa é uma assinatura particular, em relação às demais áreas pesquisadas, porque, próximo ao fim de seu longo trânsito subterrâneo, essas águas circulam na parte profunda de um edifício vulcânico alcalino, do qual herdam características químicas. Esse edifício vulcânico está hoje parcialmente exposto no Morro do Caxambu. Nos demais parques, as águas têm assinaturas das rochas regionais e, mesmo sendo diversificadas, são geralmente menos salinizadas.

As assinaturas isotópicas de estrôncio indicam que há águas minerais com marcante herança de rochas locais.No caso de Caxambu (Capítulo 5 do estudo “SIGA Circuito das Águas”), observou-se que as águas do Parque têm assinatura das rochas alcalinas, destacando-se o Morro do Caxambu, sendo mais salinizadas, padronizadas e diferenciadas. Essa é uma assinatura particular, em relação às demais áreas pesquisadas, porque, próximo ao fim de seu longo trânsito subterrâneo, essas águas circulam na parte profunda de um edifício vulcânico alcalino, do qual herdam características químicas. Esse edifício vulcânico está hoje parcialmente exposto no Morro do Caxambu. Nos demais parques, as águas têm assinaturas das rochas regionais e, mesmo sendo diversificadas, são geralmente menos salinizadas.

As paleoáguas minerais estudadas não apresentaram relações químico-isotópicas, nem conexão física direta com as águas subterrâneas rasas e com as águas superficiais das sub-bacias que contêm os parques.

As conclusões acima apresentadas são marcantemente distintas daquelas publicadas no “livro azul” da COMIG/CPRM (Beato et al. 1999), além de estarem solidamente sustentadas por dados quantitativos que à época, em 1999, não se dispunha.

Relatórios completos (2018 e 1999)

BAIXE AQUI: Relatório final de 2018 com o Estudo Completo “SIGA Circuito das Águas” (257 MB)

BAIXE AQUI: Relatório inicial Projeto Circuito das Águas do Estado de Minas Gerais (Livro Azul COMIG/CPRM de 1999).

Fontes:

SIGA (Sistema de Informações Geoambientais) – Circuito das Águas: caracterização geoambiental, geológica, geofísica, hidrogeológica e hidrogeoquímica do Circuito das Águas de Minas Gerais, com ênfase nos parques hidrominerais de Caxambu, Cambuquira, Marimbeiro, Contendas e Lambari (14/12/2018)

Projeto Circuito das Águas do Estado de Minas Gerais (1999)

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