Roteiro de Ascensão do Pico das Agulhas Negras
O Pico das Agulhas Negras tem 2 791 metros de altitude é o quinto ponto mais alto do Brasil. Ele é também o ponto culminante do estado do Rio de Janeiro e o terceiro ponto mais alto do estado de Minas Gerais.
Localização do Pico das Agulhas Negras
Latitude: 22°22’48.85″S
Longitude: 44°39’41.59″O
O Pico das Agulhas Negras encontra-se no maciço de Itatiaia na serra da Mantiqueira. Ele é sem dúvida o principal atrativo do Parque Nacional de Itatiaia e um dos passeios mais procurados do Brasil. O pico fica localizado entre o município mineiro de Bocaina de Minas e os municípios fluminenses de Itatiaia e Resende, na parte alta do parque denominada “Planalto de Itatiaia”.
O que é um Parque Nacional?
Em conformidade com o Decreto Federal Nº 84.017, de 21 de setembro de 1979, consideram-se Parques Nacionais, as áreas geográficas extensas e delimitadas, dotadas de atributos naturais excepcionais, objeto de preservação permanente, submetidas à condição de inalienabilidade e indisponibilidade no seu todo. O objetivo principal dos Parques Nacionais reside na preservação dos ecossistemas naturais englobados contra quaisquer alterações que os desvirtuem. Os Parques Nacionais destinam-se a fins científicos, culturais: educativos e recreativos e, criados e administrados pelo Governo Federal, constituem bens da União destinados ao uso comum do povo, cabendo às autoridades, motivadas pelas razões de sua criação, preservá-los e mantê-los intocáveis.
Como chegar no Planalto de Itatiaia
O Pico das Agulhas negras está localizado no Planalto do Parque Nacional de Itatiaia.
O acesso da pista que leva para a entrada do Planalto do Parque Nacional de Itatiaia (denominado “Posto Marcão”) encontra-se na BR-354, no local denominado “Garganta do Registro” a uma distância de 74 kms de Caxambu. Após passar a cidade de Itamonte (MG). Na garganta do registro começa uma pista de terra (BR-485), denominada “Estrada dos Lírios”, que leva o visitante até o Posto Marcão onde fica a entrada do Planalto do Parque Nacional de Itatiaia, após por 17 kms de pista. A Estrada dos Lírios pode ser subida com carro comum mas recomendamos usar preferencialmente um carro alto de tipo SUV com tração 4×4.
Entrada do Planalto: Posto Marcão
Todos os visitantes e montanhistas devem-se identificar na portaria do posto Marcão. No Posto Marcão o condutor responsável pelo grupo de visitantes deverá preencher junto ao recepcionista a Ficha de controle dos visitantes que consiste de um TERMO DE RESPONSABILIDADE pelo grupo, de um TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADES E EXPRESSA ASSUNÇÃO DE RISCOS que deve ser lido e assinado por todos os participantes e de um TERMO DE CIÊNCIA que consiste na leitura de recomendações gerais.
Além de preencher e assinar a Ficha de Controle dos visitantes, o Condutor deverá mostrar os equipamentos mínimos do condutor que são requeridos para a ascensão do Pico das Agulhas Negras. Entre eles, corda dinâmica, cadeirinha, mosquetões, kit de primeiros socorros, entre outros equipamentos.
Roteiro da trilha até o Cume do Pico das Agulhas Negras
A trilha até o Pico do Cume das Agulhas Negras tem três partes que estão apresentadas a seguir na foto satélite:
- Trilha entre o Posto Marcão e o Abrigo Rebouças (3kms), em azul.
- Trilha entre o Abrigo Rebouças e a Base das Agulhas Negras (1,5 kms), em amarelo.
- Escalaminhada entre a Base e o Cume do Pico das Agulhas Negras (1 km), em vermelho.
Trilha do Posto Marcão até o Abrigo Rebouças (3kms)
A distancia entre o Posto Marcão e o Abrigo Rebouças é de 3kms. A pista é muito ruim, cheia de pedras e de buracos. A trilha de 3kms até o Abrigo Rebouças pode ser feita (no inverno) de carro alto (tipo SUV) com tração 4×4. Para isso, você precisará chegar cedo na portaria do parque (por volta das 06h00 da manhã) já que as vagas de estacionamento no abrigo Rebouças são limitadas. Trata-se da melhor opção para iniciar a trilha do Pico das Agulhas Negras que é bastante cansativa. Se você conseguir uma vaga de estacionamento no Abrigo Rebouças, você conseguirá reduzir em 6kms a distância a percorrer a pé (3kms ida e volta).
A trilha do Posto Marcão até o Abrigo Rebouças não pode ser feita com carro comum devido a vários trechos com pedras e buracos altos e riscos de atolamento em dias chuvosos. Mesmo se você conseguir passar com seu carro, você irá estragar muito ele, principalmente se ele for baixo.
O Abrigo Rebouças fica a 2350 metros de altitude e tem várias instalações: represa, energia elétrica, água, banheiros, lixeiras, dormitório coletivo com beliches e colchões (sem lençóis), chuveiro coletivo de água fria, cozinha coletiva com fogão, tomadas para recarregar equipamentos eletrônicos e área de camping externa. Se você optar por pernoitar nno Abrigo Rebouças, recomendamos reservar as vagas com antecedência. A vantagem em se hospedar no abrigo consiste em evitar de ter que percorrer diariamente os 17kms de pista de terra da estrada dos lírios.
As instalações externas do Abrigo são: o estacionamento, duas áreas de camping, os banheiros e a represa.
Trilha do Abrigo Rebouças até a Base das Agulhas Negras (1,5kms)
A trilha até a Base das Agulhas Negras é normalmente iniciada a partir do Abrigo Rebouças, se você conseguiu uma vaga para seu carro no estacionamento do abrigo. Ela é adequada para montanhistas principiantes e até crianças.
Trilha em kms: 1,5 kms x 2 = 3 kms (desde o Abrigo Rebouças) ou 4,5 kms x 2 = 9kms (desde o Posto Marcão). Duração: 1 dia. Esforço: Moderado. Dificuldade de orientação: Fácil (trilha com boa sinalização até a base, não requer a contratação de condutor de visitantes). Exposição: Pequena. Desnível: 30metros.
No Abrigo Rebouças, a trilha começa na Represa. A trilha é fácil e sem desnível.
Após algumas centenas de metros de trilha, você irá passar por cima de uma pequena ponte.
Logo você irá chegar na bifurcação (Pedra do Altar ou Agulhas Negras). Siga reto em direção à base das Agulhas Negras.
Logo após a ponte você irá cruzar um pequeno riacho que é o último ponto de abastecimento em água até chegar a uma placa indicando a Base das Agulhas Negras e o inicio da trilha até o cume.
Uma placa indica o início da escalada até o cume. A partir desse ponto é obrigatório carregar corda e equipamentos de segurança.
Trilha até o Cume do Pico das Agulhas Negras (1 km de Escalaminhada + Rapel)
A trilha até o cume do Pico das Prateleiras é uma escalaminhada difícil com alguns trechos de escalada que requerem o uso de equipamentos de segurança (corda, cadeirinha, mosquetões, luvas, capacete, entre outros). A trilha pode ser feita num único dia. Porém, devido aos riscos dessa ascensão, a escalada do Pico das Agulhas Negras requer a contratação obrigatória de um condutor de visitantes credenciado pelo parque e o uso de equipamentos mínimos de segurança: uma corda dinâmica de escalada com no mínimo 30 metros, fitas tubulares, peitoral, cadeirinha de escalada, mosquetões com trava, mosquetões comuns, capacete, sapatilha de escalada, luvas, freio (8 ou ATC), ascensores (punho ou grigri), cordeletes e costuras (fitas expressas).
Trilha em kms: 2,5 kms x 2 = 5 kms (desde o Abrigo Rebouças) ou 5,5 kms x 2 = 11kms (desde o Posto Marcão). Duração: 1 dia. Esforço: Moderado Superior. Dificuldade de orientação: Muito difícil (trilha em rochas, nenhuma sinalização na trilha até chegar ao cume, requer a contratação de condutor de visitantes). Exposição: Crítica (vários trechos requerem o uso de cordas). Desnível: 400 metros.
Conforme documentado a seguir a trilha do Pico das Agulhas Negras é perigosa por três motivos: 1º Ela é tem uma dificuldade alta de orientação (é imprescindível contratar um condutor); 2º Ela é cansativa e 3º Ela tem vários trechos de exposição. Para chegar no cume, o montanhista deverá dominar as técnicas de rapel.
A trilha até o cume do Pico das Agulhas Negras pode ser iniciada a partir do Posto Marcão ou a partir do Abrigo Rebouças. No caso de um início a partir do abrigo, o esforço físico na trilha cai para Moderado.
Vias até o Pico das Agulhas Negras
Existem várias vias para chegar no cume do Pico das Agulhas Negras com dificuldades variáveis. As vias mais comuns para realizar a ascensão do pico das Agulhas Negras são as vias “Pontão Ricardo Gonçalves” (CEC, 1957), “Via Normal” (Horácio de Carvalho e José Borba, 1898) e “Via Bira” (Gean, 1968). Essas são as três vias para as quais os “condutores de escalada” do parque nacional de Itatiaia são credenciados. Para as demais vias, você precisará contratar um “condutor de escalada avançado”. Recomendamos contratar um condutor de visitante e fazer a ascensão pela via normal, que já tem no mínimo dois lances de corda.
As fotos apresentadas a seguir, tem como objetivo ilustrar o tipo de obstáculos que o visitante deverá superar para atingir o cume do quinto pico mais alto do Brasil.
Escalaminhada Inicial e primeiro paredão
A escalaminhada inicial é cansativa e já vai mostrando a natureza da ascensão que lhe espera.
No primeiro paredão, o uso de corda não é possível, já que não existe chapeleta no local. A partir desse ponto é recomendável trocar suas botas de trilha por um par de sapatilhas de escalada que irão oferecer uma melhor aderência na rocha.
Escalaminhada até o segundo Paredão (Primeiro lance de corda)
A escalaminhada até o segundo paredão e bem íngreme e cansativa.
Primeiro Lance de Corda (20 metros)
No segundo paredão o uso de corda é obrigatório se você não é escalador. Somente escaladores experientes conseguem subir pela canaleta do segundo paredão. Na foto cima, o condutor de visitantes escala o paredão com uma corda dinâmica de 60 metros na mochila.
Com a corda de apoio que foi instalada pelo condutor, o segundo paredão é vencido com facilidade. Porém, muitos visitantes desistem de continuar a ascensão nesse ponto da escalada.
Escalaminhada até o Segundo lance de corda
Já estamos nos aproximando do segundo lance de corda e do falso cume.
Segundo lance de corda (10 + 30 metros)
O segundo lance de corda é sem dúvida o mais estressante devido ao abismo de cada lado do ponto onde fica a corda. Esse lance de corda se divide em duas partes. Uma primeira parte de 10 metros e uma segunda parte de 30 metros.
Após o segundo lance de corda, você precisará passar por uma fissura lateral (segunda parte do lance de corda). Alguns escaladores preferem subir sem apoio de corda. Mas existe uma chapeleta mais alto e você poderá portanto pedir ao seu condutor lhe dar segurança com uma corda desde a segunda chapeleta que fica mais acima.
Falso cume
Após uma escalaminhada bastante cansativa de 3 horas e 2 lances de corda pela via Pontão (um lance de 20 metros e um lance de 40 metros), o montanhista chegará ao falso cume. Na foto que segue feita desde o falso cume, é possível ver o Pico das Prateleiras (2548 m) no centro da foto e a direita no mesmo plano o Morro do Couto (2680 m). No segundo plano no fundo é possível ver a Pedra da Mina (2797 m) que fica na Serra Fina.
Chapa do Cume das Agulhas Negras (2791 m)
Após o falso cume, o montanhista deverá fazer obrigatoriamente uma descida de rapel de 15 metros para poder ter acesso numa fissura à uma pequena plataforma na agulha do Cume. Desse ponto a escalada final do Cume poderá ser feita. A agulha do cume fica 1,5 metros mais alto que a agulha do falso cume. Muitos montanhistas desistem de alcançar o cume preferindo não fazer esse rapel final que permite escalar e atingir o cume verdadeiro do Pico das Agulhas Negras.
O Cume das Agulhas Negras é identificado por uma chapa de metal padrão IBGE, cravada na rocha com a inscrição SAT-93638 e um caderno de registro das visitas numa caixa de metal que pode ser assinado pelos montanhistas que chegaram até là.
Um rapel de mesmo tamanho deverá ser feito no retorno para voltar do Cume para o falso cume. Na descida, o montanhista deverá fazer no mínimo duas descidas de rapel. O montanhista poderá ainda optar por fazer um rapel adicional de 35 metros que permite passar por um atalho. No total, o montanhista que for até o cume e quiser praticar rapel poderá fazer quatro lances de rapel nesse passeio (15, 15, 35 e 20).
O Cume do Pico das Agulhas Negras é sem dúvida um passeio desafiador para o montanhista principiante. Porém, com um mínimo de conhecimentos de rapel e um bom condutor de aventura, o montanhista conseguirá sem dúvida alcançar o Cume.